"O planejamento só é ético quando visa um crescimento que possa se traduzir em melhor qua-lidade da vida coletiva, um cenário melhor para a vida de todos, e só é democrático quando procura incorporar todos os envolvidos no processo de planejar." (João Caramez)
Construindo o Sonho de uma Escola Participativa
Equipe Gestora - E.E . Querubina Silveira
Na busca desta realidade diferente, da teimosia do sonho da sociedade verdadeiramente democrática, a escola e seus profissionais desempenham tarefa fundamental.Sem se restringir ao papel subserviente de uma escola “mentirosamente” redentora, cada unidade escolar deve construir seu espaço como ambiente de luta para que o ser humano possa ser em plenitude, assumindo o compromisso de conscientizar a respeito de sua verdadeira missão, que vai muito além da simples transmissão do conhecimento.
Deve ser uma escola redimensionada para ajudar na construção de cidadãos reais, capazes não só de explicar o mundo, como transformá–lo, em benefício da humanização de todos.
Este sonho de cidadania, que não pode ser artificial ou utilizado como mero discurso, deve caracterizar – se como cidadania, enquanto estado e prática, em que um se emociona com o outro e o ajuda a crescer, a entender – se como ser de direito, também qualificado para usufruir desses mesmos direitos, agora ampliados por esse desejo coletivo de isso tornar-se realidade.
E, para este sentido coletivo, deve ser orientado o processo de conscientização dos cidadãos, especialmente os excluídos de uma vida social plena de dignidade, do direito à verdade, ao belo, à bondade, à esperança rebelde, à dignidade, à certeza temporária, provisória, nunca completa, de uma sociedade que constrói, no seu cotidiano, de forma permanente e progressiva, uma rede de proteção social para todos.
E esta transformação não se faz apenas com palavras, muitas vezes destituídas de significado real, repetidas aleatoriamente, fora de contextos significativos, especialmente para os excluídos sociais, mas pela educação continuada da comunidade.
Neste sentido a escola precisa transformar – se em “ espaço de educação inclusiva, de formação permanente humanização das relações sociais” ( PMSP, 2003, p.6)
Logo,esta escola para fazer-se emancipadora deve contribuir para politizar, para construir cidadania efetiva precisa e ter uma prática com características também diferenciadas.
Deve ser uma prática participativa, democrática, sustentável, capaz de gerar a sensação de pertencimento, de compartilhamento, da possibilidade de ser igual na diferença, na capacidade de amar, ser feliz e fazer outras pessoas felizes.
Uma prática que ultrapasse os próprios limites e abra-se à comunidade do seu entorno, próximo ou distante, por processos presenciais ou virtuais. Uma prática capaz de solidarizar – se com os iguais na busca da humanização de todos e pelo seu acesso ao direito à beleza, ao bem, à verdade, aos equipamentos e serviços necessários a uma vida com qualidade, em todos os aspectos que a caracterizam.
Um fazer político - pedagógico que precisa caracterizar – se como educacional, integral, significando envolver cada ser humano em sua plenitude, ajudando – o na conquista de sua autonomia pessoal, política e ética, com respeito e dignidade, do sentir – se bem, pleno, realizado, pertencente.
Enquanto construção de cidadania esta prática precisa ser coletiva e organizada, pensada, passo a passo na sua multiplicidade, sem determinismos ou exclusões, mas construída junto, solidariamente.
Neste sentido deve constituir – se como processo de planejamento das ações formadoras de cidadãos, caracterizadas como participativas e organizadas, envolvendo solicitações e exigências, responsabilidades e o viver bem, com camaradagem e respeito, amorosamente.
É é o processo de Planejamento Participativo das ações, dos equipamentos e da dinâmica educacional que forma atitudes e constrói o caráter.
Das suas decisões devem participar, efetivamente, representantes de todos os segmentos internos e externos ao seu contexto e entorno, que precisam construir a força da “representatividade política”, capaz de ensejar e exigir mudanças, orientar todos em busca do sonho do impossível que se torna possível exatamente porque coletivo, compartilhado, organizado: a construção de uma escola e de uma sociedade mais justas e humanizadas, que pensam e sentem democracia, nas quais todos se sintam bem e prazerosos, realizados como seres humanos, incluídos de forma sustentável .
Sonhada e desejada por alguns, relegada e excluída por muitos a Gestão Democrática e Participativa configura – se como um grande desafio para todos que, direta ou indiretamente, possam contribuir para que o Projeto Pedagógico, Administrativo e Ético da escola se construa com competência, efetividade, respeito e amor.
A Gestão Democrática e Participativa não se identifica com decisões a respeito de aspectos e ações secundárias, fragmentadas e isoladas da unidade escolar. Deve envolver o diagnóstico de suas dificuldades e sucessos, a busca de soluções coletivas e organizadas para aspectos prioritários ou seja, para o que é essencial e justifica sua existência: o processo de formação de cidadãos responsáveis, comprometidos com a construção de melhor qualidade de vida para todos, de humanização solidária e prazerosa, com o resgate do compromisso e do respeito quer devem caracterizar as relações democráticas no seu interior e no seu entorno.
Nesta ação amorosa e solidária reside seu maior desafio pois exige das pessoas envolvidas qualidades e ações diferenciadas.Exige conciliações, escolhas, concessões em nome do bem maior que é uma vida mais saudável e justa para todos, especialmente os mais desfavorecidos em direitos e condições de vida digna.
Finalmente, é nessa ótica de pensamento e prática educacional que a nossa escola assume o desafio de transpor obstáculos e melhorar cada vez mais a qualidade da nossa educação, sem esquecer da participação importantíssima que a família nos dará nesse sonho de fazer da nossa escola um espaço de discussão e de superação de desafios, que traga cada vez mais credibilidade ao ensino-aprendizagem oferecido para a nossa clientela escolar.
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino"."A educação necessita tanto de formação técnica e científica como de sonhos e utopias".Paulo Freire.